#BLOG

Você conhece os riscos de fazer exames em excesso? Ainda não? Então, confira nesse post!

05 DE OUTUBRO DE 2023
Compartilhar


 

Durante o nosso processo de envelhecimento, é comum que os nossos órgãos e sistemas passem a apresentar problemas e a diminuir sua funcionalidade. Em cada época da vida, é recomendado que se faça uma investigação direcionada para as enfermidades ou circunstâncias que ocorrem com frequência a partir de certas idades.

A Medicina avançou tanto nas últimas décadas que a avaliação dos médicos, baseada na entrevista do paciente e em exames clínicos, tornou-se imprecisa diante o olhar da população e dos próprios profissionais — todos passaram a exigir a veracidade prometida pelas máquinas. Contudo, é preciso fazer um alerta sobre os riscos de fazer exame em excesso.

Quem chama a atenção para esse problema são os próprios conselhos de Medicina nacionais e internacionais, que constantemente debatem sobre o overtreatment, ou o excesso de procedimentos médicos desnecessários, em português.

Continue conosco, entenda os riscos dessa prática e saiba o que fazer para preveni-la!

Entenda quais são os riscos de fazer exames em excesso
Com o avanço da idade, é comum querermos saber se tudo está em ordem com o nosso corpo. Porém, raramente as pessoas se dão conta que a realização dos próprios exames investigativos oferece riscos aos pacientes. Dependendo do tipo de exame e da quantidade de vezes que é feito, a prática pode gerar outros problemas tão ou mais graves que a doença que está sob investigação. Conheça alguns riscos a seguir.

Iatrogenia
Um exemplo são os raios-X e as tomografias computadorizadas (TC), que têm efeito cumulativo no corpo humano e, se realizados de forma indiscriminada, podem causar danos nos tecidos do organismo. Há, também, exames deveras invasivos que podem provocar complicações e reações adversas no paciente.

Esse excesso de intervenções médicas é chamado de Iatrogenia, que é um estado de doença ou um quadro de complicações gerado pelo tratamento médico. Em casos graves, pode levar a óbito. Contudo, é importante ressaltar que estudos científicos afirmam que as intervenções e as medicações demasiadas não apresentam melhora de sobrevida nem qualidade de vida aos pacientes.

Sofrimento psicológico
O exagero na busca por diagnósticos não ajuda a solucionar a enfermidade. Pelo contrário: sem a devida discussão sobre os reais benefícios dos exames, além dos efeitos colaterais físicos — que podem ser piores que os sintomas desencadeados pela anormalidade detectada —, há riscos de o paciente entrar em sofrimento psicológico. Ou seja, o diagnóstico de determinada irregularidade pode não trazer vantagem nenhuma, e a pessoa passa a conviver com um drama em sua vida.

O médico e pesquisador americano H. Gilbert Welch é porta-voz de um movimento que visa mudar essa prática, que já é considerada como a mais grave crise na saúde americana. A “epidemia de exames preventivos”, como cita em seu livro Overdiagnosed, coloca a população em risco, mais do que salva vidas.

Custo financeiro
Não se pode deixar de comentar, também, sobre os elevados custos financeiros para a realização de exames. Muitas vezes o excesso de investigação está relacionado a “modismos” ou à pressão da indústria farmacêutica e, portanto, devemos ter um ceticismo saudável quando os médicos nos solicitam exames, procurando dialogar e entender a sua real necessidade.

Para você ter uma ideia, na década de 1990 a Inglaterra reduziu de 40 para 30 anos o rastreio do câncer de mama em mulheres. Em 2001, um estudo demonstrou que os resultados desse programa de rastreamento não permitem afirmar que a mortalidade das mulheres diminuiu; em contrapartida, as intervenções médicas que elas sofreram levaram a uma piora do seu quadro clínico. Hoje, a idade recomendada é de 50 anos.

Em outras palavras, o número de mortes continuou o mesmo, mas o custo com a saúde pública aumentou drasticamente, levando o país europeu a uma crise. Isso tudo serve como alerta para quem acredita que é bom aproveitar o momento de uma consulta no hospital para realizar diversos exames. Essa prática não é benéfica para o paciente e onera consideravelmente o plano de saúde.

Internação desnecessária
Além dos perigos citados, a internação em hospitais para realizar exames que poderiam ser feitos em ambiente ambulatorial traz riscos desnecessários para o paciente, bem como encarece o plano de saúde. Por todas essas razões, é preciso estar atento e saber se prevenir.

Saiba como se prevenir do excesso de exames
O Dr. Gilbert Welch afirma que “não se pode continuar supondo que buscar saúde é procurar pelas doenças”. Os exames médicos são tão sensíveis que, hoje, em alguns casos, não se sabe o que é normal e o que não é. Infelizmente, a maioria das pessoas prefere exames e medicações em vez de mudar o estilo de vida e, como consequência, sofrem os riscos de seus excessos. Mas como evitar isso? Veja algumas dicas a seguir.

Procure o seu médico de referência
A primeira atitude é ter um médico de referência, que é o profissional de confiança e que acompanha o histórico de saúde do paciente. O médico de referência se baseia no cuidado centrado no paciente e não na doença, e considera a individualidade de cada pessoa. Assim, os exames relevantes variam de acordo com a faixa etária, com as morbidades e os sintomas queixados pelo paciente.

Leve todos os exames anteriores nas consultas
Além de procurar o seu médico de referência, tenha em mente que os exames que você realizou na vida pertencem a você, e não ao médico que os solicitou. Isso significa que eles fazem parte de todo o cuidado e devem ser levados na consulta para evitar solicitação de exames repetidos — o que gera desconforto a você e custos desnecessários.

Tenha uma postura proativa
Ainda assim, com seu médico de referência e seus exames anteriores em mãos, você deve ter uma postura proativa e investigar a necessidade de alguns exames, perguntando sempre se os últimos realizados não atendem à solicitação do médico. Isso não quer dizer que você duvida dos conhecimentos do profissional, apenas que você deseja ter consciência de tudo o que envolve a sua saúde, sendo protagonista da sua própria vida.

É claro que o momento de procurar o médico de referência varia para cada indivíduo. Pacientes com morbidades, como Hipertensão e Diabetes, devem consultá-lo com uma regularidade definida durante as consultas. Já pacientes crônicos devem ficar atentos a fatores de risco, sintomas e histórico familiar e também devem combinar com o médico de referência a frequência das consultas e os exames necessários.

A prevenção é sempre o melhor remédio, porém, é preciso saber dos riscos de fazer exame em excesso. Além disso, é essencial ter consciência de que saúde e qualidade de vida são alcançadas com mudanças de hábitos, e não com uma coleção de diagnósticos. Portanto, seja cético, crítico e curioso a respeito de exames e tratamentos solicitados.
 

Fonte: vivamais